El-Rei D. João II
Em 3 de Maio de 1455, nasceu D. João II, filho de Afonso V e de D. Isabel de Coimbra, filha do Duque de Coimbra, infante D. Pedro.
O Príncipe Perfeito demonstrou-se um rei exemplar com uma capacidade superior para os assuntos de Estado, sucedeu ao seu pai no governo, limitando, ao contrário deste, o poder da nobreza e pretendendo centralizar o poder do Estado.
Desenvolveu-se nesse período as concepções políticas preconizadas pelo seu Avô, abandonou-se em larga medida a conquista de Marrocos para se desenvolver as descoberta.
Na Mensagem Fernando Pessoa imortalizou-o:
"O mostrengo que está no fim do mar
Na noite de breu ergueu-se a voar;
À roda da nau voou três vezes,
Voou três vezes a chiar,
E disse: «Quem é que ousou entrar
Nas minhas cavernas que não desvendo,
Meus tectos negros do fim do mundo?»
E o homem do leme disse, tremendo:
«El-rei D. João Segundo!»
«De quem são as velas onde me roço?
De quem as quilhas que vejo e ouço?»
Disse o mostrengo, e rodou trez vezes,
Três vezes rodou immundo e grosso.
«Quem vem poder o que só eu posso,
Que moro onde nunca ninguém me visse
E escorro os medos do mar sem fundo?»
E o homem do leme tremeu, e disse:
«El-rei D. João Segundo!»
Três vezes do leme as mãos ergueu,
Três vezes ao leme as reprendeu,
E disse no fim de tremer três vezes:
«Aqui ao leme sou mais do que eu:
Sou um povo que quere o mar que é teu;
E mais que o mostrengo, que me a alma teme
E roda nas trevas do fim do mundo,
Manda a vontade, que me ata ao leme,
D' El-rei D. João Segundo!»